Como você lida com a desilusão?
Por Filipe Freitas
Você já ouviu ou mesmo disse a famosa frase: “me desiludi com fulano”? Ou “sofri uma grande desilusão? Ou “fulano está mal porque passou por uma desilusão”?
Pois é, não é incomum as pessoas falarem dessa forma. Mas o que será que elas querem dizer?
Ora, vamos começar pela ilusão.
ilusão
substantivo feminino
1. erro de percepção ou de entendimento; engano dos sentidos ou da mente; interpretação errônea.
2. efeito artístico produzido pelo ilusionismo.
Veja que, pela definição, ilusão evoca erro e engano.
Uma pessoa iludida vive convicta no engano por causa do erro de percepção que a coloca numa condição diferente da que ela julga estar, ou que pelo menos gostaria de estar. O iludido não cria expectativas exclusivamente de sua mente e de seus desejos, ele as cria a partir de como percebe o outro, o mundo e as situações.
Para ser mais claro, o iludido tem necessidade de acreditar no que acredita. Ele precisa disso, pois as coisas a sua volta precisam fazer sentido.
Como a realidade muitas vezes é dura, a saída do iludido é criar uma outra possibilidade, de forma que que a impossibilidade seja possível.
No entanto, o que ocorre de fato é que o iludido sofre. Sofre porque a realidade não perdoa e vem destinada a se revelar. Mostra que a vida nunca foi aquilo que foi imaginado. E que o indivíduo terá que arcar com o tempo de engano.
O iludido, geralmente, encara esse encontro com a realidade como algo ruim. Daí a desilusão, que é a ilusão revelada, ser considerada algo ruim, que frustra, que magoa.
Não vê o iludido que a desilusão é uma oportunidade de se viver a verdade, de encarar a vida como ela é; afinal, é somente na vida de verdade que tudo se realiza.
Além disso, a pessoa iludida é como alguém que assiste a um espetáculo de mágica, ilusionismo.
A pessoa “paga” para ser iludida. É como se ela já soubesse, já fosse avisada, mas mesmo assim ela vai lá.
Ela vai lá e cai no truque. Ela admira aquele que tudo tem de falso: dedo falso, cartola com fundo falso, manga do paletó falsa. Nada disso importa, importante para quem se ilude é negar a realidade e acreditar que a vida nunca vai te obrigar a enxergar.
Se a pessoa compreendesse que a desilusão é a chance de sair do engano, talvez ela pudesse fazer escolhas melhores. Digo talvez, porque precisamos sempre saber: ela quer mesmo fazer escolhas melhores ou prefere abraçar a ilusão e suas dores?